A24, estúdio de cinema norte-americano, já é famoso por fazer obras que vão além da caixinha com suas propostas mais psicodélicas, valendo citar “Ex Machina”, “Pearl”, “Fale Comigo”, “A Bruxa” e “Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo” , que foi o ganhador do Oscar de Melhor Filme de 2023. Com Guerra Civil não foi diferente, porém não é uma ficção em que estamos tão longe assim…
Dirigido pelo inglês Alex Garland, Guerra Civil é um filme de ação onde os Estados Unidos ,diferentes de outros filmes de guerra, não estão lutando contra outra nação, eles estão contra eles mesmos e esse conflito interno está “chegando ao fim” e vamos ver essa guerra de perto pelos olhos e lentes das fotógrafas Lee Smith (Kirsten Dunst) e Jessie (Cailee Spaeny) ao lado dos jornalistas Joel (Wagner Moura) e Sammy (Stephen Hwenderson).
Alex Garland já é famoso pelos seus trabalhos de ficção-científica como: “Extermínio”, “Aniquilação” e o mais recente “Ex Machina”, entretanto a sua mais nova obra é um dos seus trabalhos mais “pé no chão”, sem aliens, nem máquinas ultra tecnológicas ou zumbis, mas sim, uma questão não tão distante do nosso cotidiano, sendo discutida por tecnologias que não fogem do nosso âmbito e que carregam uma ideologia tóxica que é tão contagiosa como um vírus, transformando as pessoas em seres cegos e raivosos como em filmes de terror.
Perguntas do tipo: “Como começou?”, “Qual foi o estopim?” ou até mesmo “Quem está certo?”, são perguntas que ficam em aberto. Porém, a ausência dessas respostas não incomoda tanto porque o filme lhe dá a resposta de uma questão de extrema importância que não nos atentarmos nos dias atuais: qual é o próximo passo da grande polarização em que vivemos?
Como dito pelo próprio ator Wagner Moura em uma entrevista ao Podpah, "Esse filme é sobre os efeitos nefastos da polarização política". E de fato, ao longo do filme vamos ver com detalhes esses efeitos e ao final da obra, lhe traz um único pensamento: “espero que nunca cheguemos a este ponto”.
Tendo cenas de tirar o fôlego e fixar seu olhar sem perder o foco, acompanhando de perto a realidade da vida de um correspondente de guerra, trazendo dilemas que testam sua moral e ética de coisas que são meramente triviais e cotidianas nesta profissão. Onde a tal não pede seus pensamentos, mas sim, suas fotos e suas perguntas, a fim de seus clientes darem suas opiniões, sejam elas controversas ou não.
Um filme de custo “barato”, tendo em vista as grandes produções atuais de mais 200 milhões ou até chegando em bilhões de dólares, Guerra Civil custou apenas 50 milhões de dólares e alcançou o primeiro lugar na bilheteria dos cinemas americanos.
Guerra Civil é um grande filme de ação com uma direção incrível e um áudio, design e fotografia sensacionais. Um filme muito reflexivo e atemporal que alerta que se não pararmos de nos guerrear com discussões políticas, vamos nos guerrear “na vera”.
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